A controvérsia dos OGM

on sábado, 21 de fevereiro de 2009


Os OGM são organismos geneticamente modificados cujo genoma foi manipulado, apresentando diferenças relativamente à sua constituição original. Os OGM respondem a uma necessidade social, dado que a manipulação genética em plantas de cultivo confere-lhes novas características, tais como, maior resistências a doenças, a herbicidas, ao calor, à seca, à geada e redução das necessidades de fertilizantes; permite ainda o desenvolvimento de produtos com maior valor nutritivo e qualidade alimentar.
Contudo, é claro que existem interesses económicos nada defensáveis envolvendo os transgénicos. Assim é necessário distinguir claramente a ciência envolvida com os OGM do uso que se pode fazer dessa ciência.
A chegada ao mercado das plantas transgénicas teve um efeito colateral retumbante, uma luta dos ambientalistas contra os industriais. Os opositores não se declaram contrários aos OGM e à bioeng
enharia, apenas querem a realização de experiências e análises exaustivas até que fique provado, de forma inequívoca, a sua inocuidade para o homem e o ambiente, defendendo também a rotulagem dos produtos, como forma de garantir ao cidadão o exercício do direito de optar ou não pelo consumo de OGM.
As preocupações referem-se a possíveis impactos negativos dos transgénicos sobre a biodiversidade, ao medo de reacções alérgicas ou tumores/cancros nos seres humanos, e à concentração do poder económico pelos grupos transnacionais possuidores desta ciência. Quanto à biodiversidade, existe o risco de eventual contaminação de seres vivos pela troca de genes com os OGM. Reacções alérgicas aos alimentos, ao que parece, são muito comuns, podendo também ser activadas pelos transgénicos. Sabe-se ainda que a inserção de genes em determinados locais do genoma pode activar oncogenes, responsáveis pelo aparecimento de cancros e tumores.
Fica deste modo em aberto: serão as manipulações genéticas seguras a este nível? Não poderão os OGM transportar outros genes para além dos desejados? Não poderão as novas tecnologias ser postas ao serviço de corporações, aumentando-lhes o poder económico?



http://www.esec-valenca.rcts.pt/folha_059.htm

Data: 21 de Fevereiro de 2009


O alfabeto da vida já é conhecido. E agora?




É um marco histórico. Tão ou mais importante que a chegada do homem à Lua. A sequenciação do Genoma Humano permite decifrar o código da vida. Mas isto é apenas o início. Conhecem-se as letras do livro de instruções para fazer um ser humano. Agora, temos de aprender a ler as palavras, ou seja, encontrar os genes que codificam o fabrico das mais de 100 mil proteínas de que somos feitos.
É difícil visualizar a dimensão desta tarefa. Sequênciar 3,1 mil milhões de pares de nucleótidos que formam a dupla hélice do DNA – representados pelas letras A, T, C, G ( Adenina, Timina, Citosina e Guanina).
Uma tarefa que, envolvendo o consórcio público internacional – Projecto do Genoma Humano – e a empresa privada norte-americana – Celera Genomics , levou 10 anos a ser concluída.
Um trabalho que, porém, faz pouco mais do que abrir uma porta. Sabemos como se alinham, no nosso material genético, as quatro bases que o codificam. É como conhecermos todas as letras que compõem um livro, mas termos na mão um monstruoso anagrama: não sabemos onde começam e acabam as palavras, quais os sinais de pontuação, onde terminam e acabam os parágrafos.
Os investigadores têm agora a missão de identificar cada gene, o que implica saber a sua localização ao longo das cadeias de DNA, a sua função, que proteína codifica, como interage com outros, e, em caso de mutação, a que doença se associa. Isto, sem dúvida que não é tarefa para estar concluída antes do final do século XXI.
Inicialmente calculado em cerca de 100 000 o número de genes do ser Humano, vemo-lo agora reduzido para 30 000 a 40 000 genes de acordo com os resultados do projecto da sequênciação do genoma. Significará isto que somos mais simples do que aquilo que pensávamos? Certamente não. A existência deste menor número de genes implica uma maior complexidade nas relações que se estabelecem entre genes e a ocorrência de cisões alternativas capazes de gerar vastas quantidades de proteínas.
Ainda de acordo com os resultados do projecto de sequênciação do genoma, o conceito de “raça” não encontra correspondência a nível genético. Como afirma o investigador Craig Venter-- “ No essencial, somos todos gémeos – podemos diferenciar as fêmeas dos machos por causa dos cromossomas X e Y – raça não é um conceito científico”.
A descodificação do genoma abre as portas a uma verdadeira revolução na medicina uma vez que permitirá não só uma melhor compreensão dos motivos que levam a determinadas doenças genéticas e malformações como também dos problemas mais vulgares como a hipertensão. Os dados poderão garantir aos investigadores os meios para a determinação de novas terapêuticas e medicamentos.
Mas as expectativas e os medos vão mais longe. Vamos poder acabar com as doenças genéticas? Será possível construir uma pessoa em laboratório? Poderemos vir a escolher as características dos nossos filhos? Vamos criar homens máquina, todos iguais e pré-programados?
Certo é que deverá existir um código ético que regulamente a manipulação genética de seres humanos.


Vamos poder escolher as características dos nossos filhos?
O conhecimento do genoma humano permite aos cientistas reconhecer as sequências do genoma que codificam determinadas características das pessoas, como a cor dos olhos. No entanto, é muito difícil reunir condições que permitam alterar o genoma do embrião, seja para mudar a cor dos olhos ou para evitar uma doença grave. Trata-se de processos complexos, por vezes envolvendo vários genes, que necessitam ainda de muita investigação.


É possível construir uma pessoa em laboratório?
Por enquanto, não. Até agora os cientistas apenas conseguiram sintetizar artificialmente pequenos fragmentos de DNA. Para construir uma pessoa em laboratório era preciso produzir um genoma completo e funcional, que pudesse ser introduzido no núcleo de uma célula humana com capacidade embrionária. As competências técnicas actuais ainda não permitem um grau tão avançado de manipulação.


Que beneficíos traz o genoma para a medicina?
Todas as doenças têm uma componente genética, quer seja directa quer seja em resultado da resposta do organismo a agressões ambientais como os vírus ou as toxinas.
O conhecimento do genoma humano tem vindo a possibilitar aos cientistas a identificação de genes que causam uma doença ou contribuem para o seu surgimento. O grande objectivo é utilizar esta informação para desenvolver novos métodos de diagnostico, tratamento ou prevenção.





Data: 21 de Fevereiro de 2009

Genoma Humano

O que é o genoma?


É o código genético humano. Em termos genéricos é o conjunto dos genes humanos. Neste material genético está contida toda a informação para a construção e funcionamento do organismo humano. Este codigo está contido em cada uma das nossas células. O genoma humano distribui-se por 23 pares de cromossomas que, por sua vez, contêm os genes. Toda esta informação é codificada pelo ADN (ácido desoxirribonucleico) que se organiza numa estrutura de dupla hélice, formada por quatro bases que se unem invariavelmente aos pares - adenina com timina e citosina com guanina.

O Projecto Genoma Humano (Human Genome Project, HGP) é uma das maiores façanhas da história da humanidade. É traduzido como um esforço da pesquisa internacional para sequenciar e mapear todos os genes dos seres humanos, que no seu conjunto é conhecido como genoma. Integrado ao HGP, esforços semelhantes têm sido empregues para a caracterização de genomas de vários outros organismos, uma vez que a maioria dos organismos vivos apresenta muitos genes que são similares ou homólogos, ou seja, com funções semelhantes. A identificação das sequências e das funções dos genes destes organismos traduz-se no potencial para explicar a homologia dos genes nos seres humanos e, portanto, pode ser usado como modelo animal na pesquisa biomédica.

O material hereditário (genoma) de todos os organismos multi-celulares é a molécula dupla hélice de ácido desoxirribonucleico (DNA), que contém todos os nossos genes.

O HGP, iniciado formalmente em 1990 e projectado para durar 15 anos, tinha como principais objectivos: determinar a ordem, ou sequência, de todas as bases do nosso DNA genómico; identificar e mapear os genes de todos os 23 pares de cromossomas humanos; armazenar essa informação em bancos de dados, desenvolver ferramentas eficientes para analisar esses dados e desenvolver métodoso para o estudo da biologia e da medicina.

O HGP começou como uma iniciativa do sector público, tendo a liderança de James Watson, na época chefe dos Institutos Nacionais de Saúde dos EUA (NIH). Numerosas escolas, universidades e laboratórios participam do projecto, usando recursos do NIH e Departamento de Energia Norte-americano (DOE).

18 países iniciaram programas de pesquisas sobre o genoma humano. Os maiores programas desenvolvem-se na Alemanha, Austrália, Brasil, Canadá, China, Coreia, Dinamarca, Estados Unidos, França, Holanda, Israel, Itália, Japão, México, Reino Unido, Rússia, Suécia e União Europeia.

Com a entrada da iniciativa privada no Projecto Genoma, dando preferência a uma abordagem dirigida apenas aos genes que apresentam interesse para a cura de doenças, o processo de sequenciamento foi acelerado. Em Fevereiro de 2001, simultaneamente ao anúncio da empresa norte-americana Celera, o PGH anunciou o primeiro esboço contendo a sequência de 3 bilhões de pares de bases, cerca de 90% quase completos do código genético humano. O número de genes existentes, segundo os cálculos de ambas as equipas de pesquisa, são pouco mais que 30 mil, um número significativamente menor do que inicialmente se pensava (50 a 140 mil genes). Os resultados foram publicados em duas revistas diferentes. A revista inglesa Nature publicou o trabalho dos pesquisadores do PGH, liderados por Francis Collins, actual director do NHGRI (National Human Genome Research Institute), e a norte-americana Science, o trabalho dos pesquisadores da Celera, liderados pelo cientista Craig Venter. Com previsão para terminar em 2003, dois anos antes do que inicialmente se pensava, Francis Collins chamou a publicação da sequência quase completa do genoma humano em 2001 como “the end of the beginning”. E explicou num artigo do NHGRI: “A compreensão crítica da expressão génica, a conexão entre as variações de sequência e o fenótipo, as interacções proteína-proteína em grande escala e a análise global da biologia humana poderão acontecer agora... Para mim, como médico, o verdadeiro resultado do HGP será a possibilidade de melhorar o diagnóstico, tratamento e prevenção das doenças e a maioria dos benefícios que ainda estão por acontecer para a humanidade. Com esta imensa variedade de dados de sequências nas mãos, estamos aptos para alcançar aqueles propósitos que jamais poderíamos imaginar há alguns anos.” (Francis S. Collins. Genomics: the coming revolution in medicine; From Global Agenda, the magazine of the World Economic Forum Annual Meeting 2003)



Data: 21 de Fevereiro de 2009