O comportamento homossexual é definido pelos factores genéticos e pelo meio envolvente do indivíduo, conclui um artigo publicado esta semana na revista científica "Archives of Sexual Behavior". O estudo conduzido por uma equipa de cientistas do Departamento de Ciências Biológicas e Químicas da Queen Mary's School da Universidade de Londres e do Instituto Karolinska, em Estocolmo, adianta que estes factores ambientais, específicos de cada indivíduo, incluem processos biológicos como a exposição hormonal no ventre materno.
"Este estudo vem demonstrar que não estamos à procura de um 'gene gay' ou de uma variável ambiental que pudesse ser utilizada para 'acabar' com a homossexualidade", diz Qazi Rahman, co-autor do estudo e especialista em Orientação Sexual Humana.
"Os factores que influenciam a orientação sexual são complexos. E não estamos simplesmente a falar da homossexualidade, o comportamento heterossexual também é influenciado por uma mistura de factores genéticos e ambientais", acrescentou.
A equipa conduziu o maior estudo com base numa população real de adultos gémeos, entre os 20 e 27 anos. Os estudos de gémeos idênticos e não idênticos (fraternos) são normalmente utilizados para determinar os factores genéticos e ambientais responsáveis por uma característica do individuo.
3826 pares de gémeos
Segundo os cientistas, enquanto os gémeos idênticos partilham todos os genes e todo o meio envolvente, os gémeos fraternos partilham apenas metade dos genes e o meio envolvente. Portanto, uma grande parecença entre gémeos idênticos quando comparada com uma grande parecença entre gémeos fraternos demonstra que os factores genéticos só são parcialmente responsáveis por essa característica.
Este estudo analisou 3826 pares de gémeos do mesmo sexo, 7652 indivíduos. Os participantes foram questionados sobre o número de parceiros do sexo oposto e mesmo sexo que já tinham tido. De acordo com os responsáveis, dentro dos comportamentos homossexuais no sexo masculino, as conclusões revelaram que 35 por cento das diferenças encontradas entre indivíduos - o que significa que alguns homens não tinham parceiros sexuais e outros tinham mais do que um - tinham a ver com questões genéticas.
"No total, a genética influencia cerca de 35 por cento das diferenças nos homens com comportamentos homossexuais e outros factores ambientais específicos têm um peso de 64 por cento. Por outras palavras, os homens são gays por várias vias de desenvolvimento, não apenas por uma", frisou Rahman.
No que diz respeito às mulheres, o trabalho concluiu que a genética explica 18 por cento da variação entre comportamentos homossexuais, o ambiente não partilhado (específico) explica 64 por cento e os factores partilhados entre as gémeas, com os familiares, explicam 16 por cento.
Segundo os cientistas, o estudo demonstra que a influência genética é "importante mas modesta" e que os factores ambientais não partilhados, que podem incluir o período de desenvolvimento fetal, dominam, concluindo ainda que a hereditariedade nas mulheres tem basicamente a mesma influência que o ambiente partilhado, enquanto o último não tem qualquer importância nos homens.
"O estudo tem as suas limitações – utilizámos uma medida comportamental para a orientação sexual que pode servir para os homens (a orientação psicológica do homem, o comportamento sexual e as respostas dadas são questões muito ligadas) mas que talvez não seja tão certa para as mulheres (que mostram uma clara separação entre estes elementos da sexualidade) ", disse Rahman.
"Apesar disso o nosso estudo é a estimativa mais imparcial que existe sobre os contributos genéticos e não genéticos na orientação sexual", rematou.
Fonte: http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=26688&op=all
Dia: 15 de Novembro de 2008
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